Bolsas sobem e commodities recuperam levemente, por Rodrigo Costa
A presidente do banco central americano repetiu ao congresso o que vem falando em diferentes discursos e nas reuniões do FOMC sobre a necessidade dos juros não subirem muito, ajudando as bolsas dos Estados Unidos a marcarem um novo recorde de alta.
Dados inflacionários aquém do esperado assim como da atividade econômica americana menos vigorosa contribuíram também para elevar os títulos da dívida e afundar o índice do dólar – o último para os patamares de setembro de 2016.
As commodities que vinham caindo até terça-feira conseguiram recuperar encerrando a semana positivamente, bastante em função de uma cobertura de posições vendidas e do próprio enfraquecimento do dólar americano.
O café em Nova Iorque finalmente conseguiu romper os US$ 130.00 centavos por libra assim como algumas médias móveis importantes e uma linha de resistência de um canal de baixa traçado desde novembro do ano passado, quando o contrato “C” negociou a US$ 180.00 centavos por libra.
O Real brasileiro se beneficiou da desvalorização do dólar e da aprovação da reforma trabalhista, firmando para R$ 3.1794 e como consequência deu um pouco mais de espaço para o terminal firmar, reflexo de um mercado físico no Brasil que pouco flui e com preços que não estimulam o produtor a oferecer mais café.
O robusta em Londres teve uma performance também positiva, mantendo a inversão dos spreads enquanto um grande recebedor daquela bolsa de fato deve forçar a troca de mais de um terço dos estoques certificados. Os diferenciais firmes na Indonésia assim como os baixos estoques na mão dos produtores no Vietnã vão tornar interessante a estratégia de quem concentra os certificados, pelo menos até a chegada da safra vietnamita.
Na Colômbia o Fórum dos produtores teve uma alta taxa de participação com o evento indicando uma agenda preocupada com a sustentabilidade do café, preços e promessas, por exemplo, como a do México em triplicar sua produção em quinze anos.
A procura de café pelo destino se mantém tépida, pontual em alguns casos, e distantes do custo de reposição das principais origens. Considerando que há algum tempo as margens estão negativas, não seria surpresa termos um volume de embarque se mantendo “baixo” como vimos nas exportações de junho brasileiras de 2.05 milhões de sacas.
Imagino que se a bolsa não subir pelo menos outros US$ 10 centavos por libra o fluxo deve continuar dosado por parte dos produtores e quem não precisa vender café deve permanecer fora do mercado evitando tornar ainda mais vermelho seus livros de basis.
Os fundos em Nova Iorque finalmente começaram a liquidar uma parcela de suas posições vendidas, e compradas também, mas mantêm um volume ainda significantemente grande short para atrair mais coberturas.
Há uma frente fria chegando na próxima semana, que embora não tenha risco de geada, pode eventualmente não deixar o arábica afundar e com um gráfico tecnicamente positivo atrair stops de compra caso o contrato de setembro penetre o nível de US$ 135.60 centavos por libra peso.
Uma consolidação dos preços acima de US$ 128.70 centavos é o suficiente para não atrair novas vendas, por ora, e com as moedas de países produtores firmando, a disponibilidade menor de café suaves e os produtores brasileiros ainda relutantes em comercializar seus melhores cafés, as cotações podem atingir um pouco mais de US$ 140.00 centavos no curto prazo.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting