Mercado de café: SQUEEZE EM LONDRES DÁ SUPORTE A NOVA IORQUE

Publicado em 28/06/2015 18:32
por Rodrigo Corrêa da Costa, que escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

As bolsas de ações da zona do euro tiveram altas entre 4% e 5% nos últimos cinco dias aparentemente reagindo a alguma informação que poucos devam ter sobre o desfecho da negociação do acordo Grego. Digo isto pois o que tem sido divulgado é mais do mesmo, a Grécia recuando às propostas e testando a paciência, ou ganhando tempo, para no fim conseguir, talvez, uma solução provisória.

Dados da economia americana não animaram as bolsas locais, mas provocaram uma valorização do dólar, que acredito deve ser retomada considerando as incertezas na Europa. O Real brasileiro tentou firmar vacilando na sequencia com algumas notícias sobre a instabilidade política e econômica. Tenho a impressão que os juros do Brasil mesmo sendo estratosféricos e gerando oportunidades vantajosas para os investidores que tomam euros emprestados para aplicar em renda fixa em nosso país, tem efeitos limitados na queda do câmbio.

O café em Nova Iorque subiu durante a semana ganhando suporte em função da firmeza do mercado londrino que continua invertido, com as atenções voltadas para o comportamento do spread Jul/Sep a partir do dia 1º de julho. A arbitragem estreita entre os dois mercados faz do robusta relativamente caro se comparado a algumas qualidades de arábica menos-nobres, portanto é bom termos cautela e ficarmos de olho no contrato de Londres.

As altas do mercado junto com a recuperação do dólar contra as moedas dos dois principais produtores de arábica destravaram a movimentação do físico, fazendo fluir um bom volume nas origens. Os produtores e negociadores vietnamitas também não hesitaram e aproveitaram o momento para fixar seus cafés. Os diferenciais em geral cederam no FOB para as duas variedades com mais negócios sendo reportados.

Um dado que não mencionei no comentário da semana passada e fui questionado por alguns leitores (obrigado pelas participações) foi o crescimento da produção em Honduras, que o USDA apontou um aumento de 5.1 milhões de sacas em 14/15 para 5.9 milhões em 15/16 – alguns privados crêem que chegará a 6.11 mln de sacas. Os 15% ou 20% a mais de produção são de fato uma boa notícia, mas absolutamente 700 mil ou 1 milhão de sacas acabam se perdendo no meio do S&D mundial, ainda mais quando consideramos as variações da safra brasileira em volumes absolutos.

Falando nisto a Unicafé estima que a safra 15/16 será de 48 milhões de sacas dividas em 34.55 milhões de arábica e 13.45 milhões de conilon, abaixo da colheita de 14/15 que segundo a empresa foi de 50.2 milhões de sacas. De acordo com seus analistas os estoques esperados para o final de junho, excluindo os do governo, totalizarão 6.36 milhões de sacas, menos da metade dos 13 milhões de 30 de junho de 2014.

A subida da bolsa se deu mais uma vez com a cobertura da posição vendida dos fundos, que no COT não pudemos notar, mas que pode ser identificada pela diminuição do número de contratos em aberto. Difícil imaginar que os fundos vão ficar comprados neste momento, salvo os operadores que usam os gráficos e que podem no curto-prazo se animar com um fechamento acima de US$ 140.00 centavos por libra. Outra possibilidade é apostar em um squeeze em Nova Iorque, mercado menos propenso a isto dado a regulamentação um pouco mais severa.

Por outro lado é saudável que os produtores estejam fixando suas vendas e desovando um pouco de café, pois mais para frente diminui o potencial baixista para os preços que muitos parecem prever. A indústria tem mantido a disciplina de comprar futuros nas quedas do terminal, por ora provendo um suporte que, na minha opinião, não é suficiente, e de fato veio mais de Londres como mencionado acima.

É bom acompanharmos o desenrolar da conversa da Grécia, que vai ficar durante o fim de semana negociando seu acordo. Os ativos de risco não estão precificando que um pacto não seja assinado, o que significa dizer que caso não aconteça o dólar pode sofrer uma valorização acentuada e como consequência pressionar as commodities, as ações e provocando um rally nos títulos da dívida de países fortes.

Sexta-feira Nova Iorque não abrirá antecipando a comemoração do feriado da Independência americana.

Não haverá comentário na próxima semana, voltarei a escrever no sábado dia 11 de julho.

Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,

Rodrigo Costa*

Fonte: Archer Consulting

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