MERCADO DO CAFÉ: Consumo resiliente e uso do grande robusta

Publicado em 03/07/2012 08:23
Por Rodrigo Costa. Comentário Semanal - de 25 a 29 de junho de 2012.
Líderes dos países da Europa acordaram em retirar uma cláusula de pagamento dos títulos das economias que formam a zona do Euro, facilitando recapitalizacão às instituições financeiras.

O ato que saiu da reunião ocorrida na semana passada ajudou as bolsas a subir, com os principais índices de bolsa do velho continente ganhando mais de 4% apenas na sexta-feira.

Nem mesmo as declarações de Angela Merkel, contrária à emissão de títulos que sejam garantidos pela comunidade europeia, atrapalhou dado que a leitura é de que a primeira ministra foi dura para não perder apoio no para as próximas eleições.

Os principais índices de commodities subiram 6% em cinco dias, liderados pelos grãos – na verdade só o algodão e o suco de laranja não apreciaram.

O café em Nova Iorque teve mais uma semana de alta, subindo quase US$ 20 por saca, tendo como pano de fundo a incerteza quanto ao volume que potencialmente pode-se perder de cafés de bebida fina em função das chuvas que caíram até recentemente. 

Claro que quem deu a sequência aos ganhos foi um movimento técnico, forçando fundos que estão bastante vendidos a cobrir uma parcela de suas posições.

A recuperação da moeda brasileira, apesar das constantes revisões negativas da expectativa de aumento do PIB este ano, deu uma mãozinha para que os produtores elevassem um pouco suas bases de preço.

Para outras origens, inclusive produtores de cafés-lavados, os diferenciais enfraqueceram de US$ 1 a 2 centavos por libra-peso.

Do lado do robusta continuamos acompanhando exportações recordes do Vietnã, que por consequência faz muitos revisarem para cima o que acreditam ser a safra atual (tem os que falam em 23.6 e outros 25 milhões de sacas), e mesmo assim o que se vê é uma diminuição dos estoques do produto, e diferenciais firmes.

Junta-se a isto a divulgação da ICO desta semana, de que o consumo continuará crescendo e não deve sofrer solavancos, e o que devemos entender é que o arábica pode perder ainda mais espaço para seu primo menos ilustre (por ora).

Por falar nisto provamos alguns robustas no escritório recentemente que impressionam pela qualidade. Eu, que fazia tempo que não degustava este tipo de café, fiquei impressionado com as características da bebida, que assustadoramente deixam até alguns arábicas para trás

No fundo temos que ler como positiva este uso maior do robusta (dada a atual arbitragem), algo que há duas semanas escrevi neste espaço dizendo que pode servir de ajuda para o arábica não cair mais.

O contrato da ICE parece que pode subir um pouco mais com a cobertura de fundos, e o receio de uma disponibilidade menor de cafés de qualidade no principal país produtor. Com isto acho que podemos voltar a ver um alargamento entres os diferenciais dos cafés Good Cup e Fine Cup.

Para quem precisa fazer hedge, vale disciplinadamente fazer algumas vendas que são necessárias para gerar algum caixa.

Uma excelente semana a todos e muito bons negócios.
Fonte: Archer Consulting

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