Carcaça bovina alcança o maior preço da história; Exportação de frango e suínos deve crescer até 3% em 2019
Marina Zaia
médica veterinária
Scot Consultoria
A cotação da arroba do boi gordo ultrapassou os R$150,00, referência que não se via desde a virada de mês entre setembro e outubro.
Em São Paulo a arroba do boi é negociada ao redor de R$150,50, à vista e livre de Funrural, o que representa uma alta de 1,4% nesta primeira quinzena de dezembro.
Apesar das escalas dos frigoríficos paulistas estarem relativamente alongadas (os dias sem abate no fim de ano ajudaram a “esticar” o calendário das programações), a demanda firme dosetor varejista estimula a compra de boiadas.
Hoje, por exemplo, foi um dia de alta da carne com osso e a carcaça chegou no maior preço nominal da série histórica. O quilo do boi casado de animais castrados está cotado em R$10,37.
Essa alta fez com que a margem do mercado atacadista de carne com osso chegasse a 20,2%, somente dois pontos percentuais de distância das indústrias que vendem a carne desossada.
Essa margem de comercialização dos frigoríficos que vendem a carcaça é a maior desde meados de junho. Neste mesmo período de 2017 a diferença entre o preço pago pelo boi e o preço recebido com a venda da carne com osso era de 17,5%. Ilustrando a melhora do escoamento da produção.
Exportação de carnes de frango e suína do Brasil deve crescer até 3% em 2019
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deve embarcar de 2 a 3 por cento mais carnes de frango e suína no próximo ano, em meio a uma esperada recuperação de mercados e incremento de produção, após um 2018 marcado por vendas menores e abaixo do esperado, disse nesta quinta-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
De acordo com o diretor-executivo da entidade, Ricardo Santin, a alta nas vendas incorporaria uma potencial expansão em regiões como Japão, Coreia do Sul e China, que estão mais abertos aos produtos brasileiros.
Além disso, a própria produção nacional de carne de frango deve aumentar em 1,4 por cento em 2019, para 13,2 milhões de toneladas, graças a um maior alojamento de matrizes, enquanto a suína tende a crescer até 3 por cento, para 3,7 milhões.
O avanço nos embarques, contudo, não leva em conta a lacuna de oferta deixada na China por causa dos surtos de peste suína africana.
"A exportação pode ser ainda maior", avaliou Santin após coletiva da ABPA, em São Paulo.
Ele citou estudo que mostra que ao menos 4 milhões de toneladas de carne suína foram "perdidas" na China em virtude de abates relacionados à doença e que tal volume terá de ser preenchido por outras proteínas para se atender a demanda local.
A associação prevê que os embarques de carne de frango do Brasil fechem 2018 com queda de 5,1 por cento, em torno de 4,1 milhões de toneladas, depois de indústrias sofrerem com produção em baixa, greve de caminhoneiros, "burocracias internas" e restrições em alguns mercados.
Em meados do ano, a ABPA estimava que as vendas cairiam entre 2 e 3 por cento.
"Tivemos outros problemas... Muitos deles decorrentes de burocracias internas, adequação de produtos em alguns países e diminuição de produção", afirmou o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin, durante coletiva de imprensa em São Paulo.
As "burocracias internas" seriam basicamente as relacionadas à fiscalização em plantas produtoras, comentou.
Conforme ele, restrições em alguns mercados importadores da proteína nacional também responderam pela retração. Ele citou barreiras comerciais no Egito, alteração de critérios de abate na Arábia Saudita e o próprio embargo da União Europeia a 20 exportadoras, sobretudo de unidades da gigante BRF.
Só na Arábia Saudita a perda de exportação foi de 100 mil toneladas em 2018. Apesar disso, frisou o executivo, o Brasil segue como líder global no fornecimento do produto.
A ABPA estima que a produção de carne de frango neste ano caia 1,7 por cento, para 12,82 milhões de toneladas.
Quanto à carne suína, a ABPA estimou que as exportações brasileiras cairão 8 por cento em 2018, para 640 mil toneladas, com a produção recuando 3,2 por cento, para 3,63 milhões.
Esse setor, em específico, foi muito prejudicado no ano pelo embargo russo, suspenso em novembro.
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A ABPA avaliou que a disputa comercial entre Estados Unidos e China neste ano foi favorável ao Brasil, com mais vendas ao gigante asiático, embora não a ponto de impedir a quedas nas exportações.
"A guerra comercial, em alguns momentos, gerou oportunidades... Hoje somos uma oportunidade para a China, eles nos veem como um fornecedor confiável de proteínas", comentou o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Com efeito, os envios de carne de frango do Brasil à China aumentaram 10 por cento no acumulado do ano até novembro, ao passo que os de carne suína saltaram 250 por cento.
Em paralelo, Turra também disse ser contra a transferência da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, algo já prometido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. O receio da ABPA é de perda de mercado no mundo arábe, que não vê com bons olhos a potencial alteração de local.
"Uma coisa é falar como candidato, outra coisa é falar como presidente eleito, com equipe... Não se pode afetar as relações", afirmou Turra, destacando que já houve encontro com a futura ministra da Agricultura, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), para se tratar da questão --na ocasião, a própria ABPA sugeriu a criação de um consulado ou centro cultural em Jerusalém, não uma embaixada.
Ele também defendeu o fim do estabelecimento do fretes mínimos para transporte de mercadorias e melhoria de infraestrutura no país.
Nesse sentido, Turra anunciou um novo projeto, chamado "500K", que visa levar o país a embarcar uma média mensal de 500 mil toneladas de carnes suína e de frango até 2020, frente 394 mil atualmente. O aumento se daria também com um trabalho de conquista e expansão de mercados.
(Por José Roberto Gomes)
Produção de ração no Brasil cresce 0,6% e tem novo recorde em 2018, diz Sindirações
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de ração animal do Brasil deverá atingir um recorde em 2018, a 69,2 milhões de toneladas, estimou nesta quinta-feira o Sindirações, sindicato que representa a indústria no país.
O volume representa um crescimento de 0,6 por cento na comparação com o recorde anterior, registrado em 2017, afastando preocupações de que o setor teria uma queda na produção em 2018, devido a um ano mais fraco da indústria de carnes de aves e suína.
Incluindo o sal mineral, cuja produção deve finalizar o ano com crescimento de 5 por cento, a 3,13 milhões de toneladas, a produção total do setor de alimentação animal atingiria 72,3 milhões de toneladas, alta de 0,8 por cento na comparação com 2017.
Segundo o sindicato, a expectativa para 2019 é positiva, considerando cenário favorável para ano que vem do setor de carnes e também pela projeção de uma grande safra de grãos, principal matéria-prima do setor.
"Levando em conta o histórico apurado nos últimos anos e confiando na retomada econômica é possível apostar em avanço para a cadeia produtiva em 2019, já que seu desempenho é modulado sobremaneira pelo setor produtor/exportador de proteína animal", disse vice-presidente-executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani, ao fazer um balanço do ano.
Nesta quinta-feira, o setor de produção de carnes de frango e suína, principal consumidor de ração no Brasil, divulgou expectativas positivas para 2019.
A produção nacional de carne de frango deve aumentar em 1,4 por cento em 2019, para 13,2 milhões de toneladas, graças a um maior alojamento de matrizes, enquanto a suína tende a crescer até 3 por cento, para 3,7 milhões, previu a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que também espera um crescimento de até 3 por cento nas exportações dessas carnes do país no próximo ano.
O Sindirações avalia que a grande safra de grãos esperada para o Brasil em 2019 deve amenizar custos para alimentar rebanhos e favorecer as margens da indústria de carnes.
"A generosa safra de grãos prevista também pode amenizar o custo da alimentação dos rebanhos e favorecer a cadeia produtiva de proteína animal, muito embora o recrudescimento do protecionismo comercial global, o enxugamento monetário americano, e principalmente, o adiamento das reformas estruturantes domésticas (Previdenciária e Tributária) podem despejar água fria na fervura", comentou o dirigente.
Zani ponderou ainda que "a definição dos protagonistas do Poder Executivo e a renovação do Legislativo decerto aliviarão a tensão do empreendedor", contribuindo para o investimento e geração de empregos, o que deve devolver alguma confiança ao consumidor.
(Por Roberto Samora)