Açúcar: mercado inerte e histeria coletiva (Análise da Archer Consulting)

Publicado em 24/08/2019 03:47
por Arnaldo Luiz Correa

O mercado futuro de açúcar em NY encerrou a sexta-feira cotado a 11.47 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 17 pontos em relação ao fechamento da semana anterior, mas pelo menos R$ 15 por tonelada melhor uma vez que a moeda brasileira se desvalorizou diante do dólar mais de 3% na semana encerrando a R$ 4,1240 o maior valor desde setembro do ano passado. Como bem observou um experiente corretor de NY, é como se a semana não tivesse existido, tal a falta de notícias relacionadas ao setor e com os negócios no físico praticamente paralisados.

Exemplificando em números, o volume de negócios na Bolsa tem sido muito baixo, em agosto a média diária de contratos foi de 105,000 que é 12% menor do que a média do mês de agosto de 2018. Este ano, até sexta-feira, 24 milhões de contratos já foram negociados, pouco acima dos 23,6 milhões no mesmo período do ano passado.

Enquanto isso, já que o mercado não vai para lugar algum, os fundos adicionaram mais 10,659 lotes vendidos na semana, agora totalizando 163,643 lotes vendidos à descoberto (8,3 milhões de toneladas de açúcar equivalente).

Continua a guerra comercial entre EUA e China com esta agora impondo tarifas retaliatórias em outros 75 bilhões de dólares de exportações americanas que incluem automóveis, soja, algodão, produtos suínos e bovinos, entre outros. Como não podia ser de outra forma, as commodities agrícolas desabaram, enquanto o ouro subiu. O ambiente externo está pesado e o medo de recessão paira sobre nossas cabeças.

Alguns economistas americanos acreditam que “nunca estivemos tão perto de uma recessão como agora”. A maior evidência estaria no fato que o spread entre os rendimentos de 2 e 10 anos nos EUA se tornou negativo pela primeira vez em 12 anos. Toda vez que observamos uma inversão da curva de juros, esta resultou numa recessão. Isso desde 1950.

A UNICA publicou o número de moagem na quinzena. “No acumulado da safra 2019/2020 até 16 de agosto, a moagem somou 350,31 milhões de toneladas, relativamente igual às 350,22 milhões de toneladas processadas no mesmo período do último ano. Mas para o Estado de São Paulo, a defasagem permanece. Foram 204,31 milhões de toneladas moídas pelas unidades paulistas até 16 agosto, queda de 2,50% sobre o ciclo 2018/2019”, diz o relatório. A produção de açúcar acumulada no Centro-Sul é de 15,457 milhões de toneladas de açúcar uma queda de 6.34% em relação à safra passada. O total de etanol produzido alcança 17,874 bilhões de litros, que de 1.39% em relação ao ano passado. Mesma quantidade de cana, mas menos produção: este ano a quantidade de ATR por tonelada de cana baixou 5.34 quilos. E ainda vai cair mais. O mix acumulado está em 35.4% açúcar e 64.6% etanol.

HISTERIA

A histeria mundial acerca da queimada na Amazônia certamente deve fazer parte de um plano mais bem elaborado por parte daqueles que se sentem incomodados com a nova postura do Governo Federal. Os dados publicados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) mostram que houve 76.720 focos de fogo na região até a data de hoje e que se mantida essa proporção, chegaremos no final de 2019 próximo a 120.000 focos, 10% abaixo do total do ano passado e 65% abaixo do máximo observado durante 2007, durante o Governo de Lula. Esses dados podem ser checados aqui: https://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal/estatistica_paises

A Agência Espacial Americana, NASA, afirma que pela análise de dados de seus satélites, a atividade total de incêndios na bacia amazônica este ano esteve próxima da média em comparação com os últimos quinze anos. O que está por trás dessa histeria coletiva? Minha tese é que grande parte da mídia nacional viu secar a fonte de receitas provenientes da propaganda governamental. O presidente fechou algumas torneiras e essa mídia, dominada pelo que há de pior da esquerdalha política delirante e esquizofrênica, traçou como objetivo destruir a imagem do Brasil lá fora, com o beneplácito de alguns focos da diplomacia contaminada, de ONG’s aqui sediadas e de pseudo-celebridades grotescas que não seriam capazes de apontar a Amazônia no Mapa Mundi e acreditam que nela habitam leões, tigres, cangurus e girafas.

A queimada é um problema que o Brasil enfrenta há anos e deve ser combatida. Disso não se tem dúvida. Só que agora ela virou ideológica. Querer culpar o Governo Bolsonaro pelos focos de incêndio na Amazônia é tão insano quanto culpar o presidente Trump pelo recente e devastador incêndio na Califórnia ou culpar o boquirroto presidente da França, Emmanuel Macron, pela destruição de Notre Dame.

A quem interessa essa difamação do Brasil? À esquerda brasileira derrotada inconformada com a perda do poder e do dinheiro que jorrava do esgoto petista? À grande mídia que ficou sem dinheiro dos anúncios do Governo? Os produtores agrícolas da Europa que temem o aumento da participação do pujante agronegócio brasileiro numa eventual finalização do acordo do Mercosul com a União Europeia? Façam suas apostas. O fato indiscutível é que ninguém está preocupado com a extinção da Ararinha Azul ou do Mico-Leão-Dourado, mas apenas com o próprio bolso ou com seus fundilhos.

Bom final de semana a todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

Fonte: Archer Consulting

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Açúcar fecha em alta nesta 6ª feira (30) mas encerra semana com variação negativa Açúcar fecha em alta nesta 6ª feira (30) mas encerra semana com variação negativa
Açúcar: Unica apresenta números menores da safra e mercado reage em NY
Dados da UNICA confirmam que processamento de cana e nível de ATR estão menores
Açúcar fecha com leve recuperação nesta 5ª feira (29) após divulgação de dados da Unica
UNICA: Moagem de cana-de-açúcar atinge 42,32 milhões de toneladas na primeira quinzena de maio
Mercado do açúcar segue pressionado por demanda incerta e cenário econômico global